Enrico Caruso e Luisa Tetrazzini: Cantores cuja fama atravessou a passagem de um século...para compreendê-lo, basta ouvir os seus registros.
Vozes usadas como instrumentos ao máximo grau das suas possibilidades expressivas.
No livro “Caruso and Tetrazzini on the Art of singing, escrito por estes dois cantores italianos maravilhosos são desenvolvidos também assuntos iluminantes nos capítulos-tema tratados pela soprano Luisa Tetrazzini:
Breath Control-The Foundation of Singing / O controle da respiração (a base do canto); The MasteryoftheTongue / O autocontrole dos músculos da língua; Tone Emission and Attack / Emissão dos sons vocais e ataque; Facial Expression and Mirror Practice / Expressão facial e exercícios no espelho; Appreciative Attitude and Critical Attitude / Juízo de apreciação e juízo critico.
Eis alguns extratos muito sintéticos, em inglês, traduzidos para Português. São tratados com argumentos lúcidos e precisam alguns dos principais defeitos dos quais sofrem estudantes de canto hoje e grande parte da técnica do canto lírico.
Registros e suas uniões perfeitas
Ainda que existam os registros e sons centrais, inferiores e superiores, eles não são produzidos do mesmo modo. A voz deve ser uniformizada até que a passagem pelos registros não seja ouvida. E um som produzido com a voz de cabeça e na voz profunda deve ter o mesmo grau de qualidade, ressonância e força.
Quando a voz sobe uma escala, cada nota é diferente, e quando se sobe, a posição dos órgãos da garganta não podem permanecer as mesmas para vários sons diferentes. Mas jamais deve ser uma troca brusca, nem percebida pela plateia, nem sentida na garganta do cantor. Cada som deve ser imperceptivelmente preparado e da elasticidade dos órgãos vocais depende a doçura da produção dos sons. Adaptar o aparato vocal ao registro agudo deveria ser tão imperceptível quanto automático, cada vez que uma nota aguda deve ser cantada.
No registro agudo deve ser usada principalmente a voz de cabeça ou voz que vibra nas cavidades da cabeça. O registro médio requer ressonância palatal e as primeiras notas do registro de cabeça e as últimas do médio requerem uma criteriosa mistura de ambos os registros. O registro médio pode ser alongado ao chegar nas notas agudas, mas primeiramente à custas da beleza da voz e depois da própria voz, pois nenhum órgão vocal pode sobreviver sendo usado erroneamente por muito tempo.
Esta é somente uma das causas pelas quais tantas vozes bonitas se quebram muito antes do que deveriam.
DEFEITO DA TREMIDO (O VIBRATO EXAGERADO) E SUAS CURAS
Um outro defeito, ainda na produção dos sons vocais é o tremido. É o cantor excessivamente ambicioso, o cantor que força um órgão pequeno e delicado o obrigando a fazer um trabalho pesado, é isso que desenvolve o tremido. O Tremido é um sinal do fato de que as cordas vocais foram exploradas além dos próprios limites consentidos pela natureza e existe apenas uma coisa que pode servir de remédio: o absoluto repouso por um período e em seguida, recomeçar o estudo vocal, primeiramente, cantando ‘boca chiusa’ e apoiando-se inteiramente sobre uma pressão (muito leve) respiratória para a produção do som.
O estudante que sofre de tremido ou até de um vibrato muito forte deve ter a coragem de parar imediatamente e de renunciar a uma voz grande. Até porque as vozes mais bonitas do mundo não são necessariamente as maiores vozes e certamente o tremido é quase o pior defeito que um cantor pode ter. Mas esse, assim como quase todos os outros problemas vocais pode ser curado com um trabalho correto e persistente. "Caruso and Tetrazzini on the Art of Singing" – Metropolitan Company, Publishers, New York, 1909)
PRONUNCIA CORRETA
Um outro defeito muito criticado nos jovens cantores é a falta de uma correta pronuncia ou dicção.
É somente depois que a voz vem a ser perfeitamente controlada que os lábios e a língua podem funcionar livremente para a pronúncia das silabas.
Quando a voz está no estado que pode-se chamar de “estado fermento”, o cantor está somente ansioso em produzir sons e a dicção escorrega para as margens do trajeto.
A ESCALA, UM GRANDE TESTE PARA CADA CANTOR
A escala é o maior teste para a produção dos sons vocais. Nenhum cantor de ópera, nenhum cantor de concerto que não consiga cantar uma escala perfeita pode ser chamado especialista ou ter conquistado resultados na sua própria arte. Seja soprano, Mezzo-soprano ou contralto, cada nota deve estar perfeita em seu gênero, e a nota de cada registro deve ter participação suficiente na qualidade do registro sucessivo, superior ou inferior, de modo que não se note a passagem quando a voz desce ou sobe na escala. Esta fusão dos registros é obtida pela inteligência do cantor em misturar as diferentes qualidades de sons dos registros, usando como ajuda os vários posições dos lábios, da boca e da garganta e do sempre presente apoio, sem o qual, nenhuma escala pode ser cantada de modo perfeito.
(tratto da: "Caruso andTetrazziniontheArtofSinging" - MetropolitanCompany, Publishers, New York, 1909)
Deixamos disponível este livro publicado em 1909, pelo seguinte link:
Boa leitura a todos!
M° Astrea Amaduzzi
Versione originale dell'articolo in lingua italiana:
La grande Luisa Tetrazzini, Soprano
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